Capítulo 01
Dois anos atrás...
_Então está Tati. Amanhã estarei aí – ainda com o celular contra o
ouvido olhou para Geane que estava com Pedro nos braços.
_Tem certeza? Não quer mais uma semana como acréscimo para mimar
mais o Pedrinho?
_Não, preciso trabalhar. Nos vemos amanhã.
Após as despedidas desligou e olhou para o filho. Aquele cabelo
loirinho liso ameaçando cair nos olhos lhe fazia lembrar vagamente de Victor.
Priscila lembrou-se também daqueles meses que passou de licença-maternidade.
Foram os melhores, mesmo com o marido viajando se sentia completa. Victor
não a deixava sozinha, sempre estava fazendo algum contato, e nos últimos meses
o seu preferido era vídeochamada. Ainda olhando para o filho Priscila o pegou
nos braços enquanto falava para a babá:
_Pode ir descansar Geane.
_Tem certeza? Não quer que eu dê o banho no Pedrinho?
_Não. Pode ir pra casa, hoje eu quero me dedicar ao meu filho –
lembrou-se de como seria sua rotina a partir do dia seguinte. – O Pedrinho pode
chorar muito amanhã na minha ausência, mas o Victor vai chegar de viagem. Então
ele estará aqui para dar suporte.
_Então tá. Vou nessa – Beijou o rosto do bebê.
Priscila ainda ofereceu carona à babá, mas ela recusou. Subiu para
o quarto com o filho nos braços e fez todo o ritual que sentia prazer em fazer
nos últimos seis meses. Estava tentando colocar a fralda no filho quando seu
celular tocou mais uma vez. Atendeu com um sorriso estonteante:
_Oi Tatianna.
_Pri, está muito ocupada?
_Não, imagina... – Pedro soltou um grito fino enquanto mexia os
pés – Só estou com um Victor versão mirim tentando colocar a
fralda nele.
_Ah, essa é a melhor fase – a esposa de Leo sorriu com a doce
lembrança daquela fase que um dia os filhos passaram – Mas não vou tomar seu
tempo. Só estou ligando para confirmar sua presença no aniversário do Leo. Você
vai, não é?
_Mês que vem? – recebeu a confirmação da concunhada – Iremos sim.
_Vai ser um evento de gala, se quiser levar o Pedrinho seria
maravilhoso.
Logo passou na mente de Priscila as inúmeras recomendações de
Victor em não expor o filho. Algumas vezes ela evitava determinados lugares que
a turma do seu trabalho marcava para não ir sem o filho ou então ser mais uma
briga com o marido. Não precisava consultar Victor para já saber a resposta e
informar para Tatianna:
_Não, Tati. Eu pago um acréscimo para Geane passar a noite aqui.
Peço a ela para trazer as crianças e dormir por aqui. Na minha ausência o
Pedrinho só fica tranquilo com a presença dela.
_E se bem conheço o Victor não deixaria o Pedrinho ficar muito
exposto, não é?
_Paranoias do seu cunhado – ouviu Tatianna dar uma gargalhada
gostosa.
_Então no decorrer dos dias eu te digo como será o evento. Agora
vou desligar. Dá um beijo gostoso no Victor mirim.
Ainda sorrindo Priscila despediu-se de Tatianna e finalizou a
ligação. Após uma luta infinita para colocar a fralda e o pijama do filho
conseguiu enfim colocar um pouco de perfume. Levou o pequeno para sua cama e
ficou por ali até chegar a hora da mamada. Seria o último dia que iria
amamentar seu filho, no dia seguinte deixaria leite na mamadeira, mas só
poderia se dar o luxo de fazer aquele ato, onde a ligação de mãe e filho era
direta, no final da noite. Com muito custo Pedro conseguiu dormir, logo o colocou
no berço e voltou para seu quarto.
Priscila não sabia o que fazer primeiro. Depois de tanto tempo
ocupada e com o filho nos braços estava indecisa, mas para não perder tempo
logo correu para o closet. Escolheu o que vestiria no dia seguinte e
também a roupa que iria usar para a academia. Se despiu e foi
direto para o banheiro. Bastou se olhar no longo espelho para se sentir uma
bruxa: Seu cabelo há dias não via um shampoo, condicionador e até mesmo um
creme para hidratar.
_Mas nem ferrando que deixo meu marido chegar e me encontrar nesse
estado lastimável.
Soltou aquele coque no cabelo e tomou um banho demorado, com
direito a longos minutos se dedicando ao corpo e ao cabelo. Bastou deitar-se
para ouvir seu filho choramingando. Levantou-se e foi ver o que estava
acontecendo. Priscila ficou longos minutos com Pedrinho nos braços enquanto ele
voltava a dormir. Ao voltar para a cama e se deitar olhou para o relógio que
ficava próximo ao abajur: 3h20min. Não soube o que aconteceu nos minutos seguintes
porque fechou os olhos e acordou com alguém do seu lado, a mão que
repousava em sua cintura, por baixo das cobertas, subiu indo logo para a região
dos seios e puxando-a mais para trás. Aquela voz grossa masculina trouxe sua
excitação que estava tão escondida, de volta:
_Como sempre, cheirosa até no cabelo.
Victor sussurrou em seu ouvido e o corpo dela involuntariamente
moveu-se ao encontro dele. A excitação estava obvia e ela pôde notar que o
marido estava trajando apenas a cueca. Sua voz apenas conseguiu oferecer a ele
um gemido enquanto sentia a mão dele ainda apalpando seus seios e o corpo
friccionando o seu. Era prazeroso mover sua região glútea em direção ao membro
dele, senti-lo tão vivo, e com a mão mais próxima tocou o corpo dele, descendo e
apertando aquele membro já enrijecido por cima da cueca.
_Victor... que saudade eu estava.
Priscila virou-se, ficando de frente para ele e não perdeu tempo,
colocou a mão dentro da cueca dele enquanto aproximava os lábios no pescoço e
sentia o cheiro daquela lavanda que ele usava após o banho. Iria amá-lo, mas
precisava daquelas preliminares para deixá-lo louco. Como resposta recebeu a
mão firme dele em seu pulso, retirando sua mão de dentro da cueca. Afastou as
pernas dela, colocando a calcinha para o lado e lhe incitando para um caminho
ao prazer. Priscila não sabia o que era mais torturante: os dedos dele lhe
tocando na intimidade ou a respiração pesada carregada com gemidos próximos ao
seu ouvido. Perdeu a sanidade quando sentiu as paredes internas da sua
intimidade se contrair, informando que o orgasmo viria e seria violento. Victor
observou a respiração forte dela e sabia que ali iria atingir o ápice, porém,
retardou. Diminuiu na velocidade aos poucos parando, na escuridão sentiu a mão
dela sobre a sua, implorando para ir mais rápido nos movimentos:
_Por favor... – ela sussurrou quase chorando.
_Acha mesmo que vou acabar logo com nossa brincadeira... hein? –
sussurrou próximo ao ouvido dela e logo mordeu o lóbulo da orelha.
Em um segundo Victor já estava sobre o corpo dela, beijando o
pescoço, descendo e por cima da camisola rodeou com a língua o mamilo para em
seguida fazer uma sucção. Priscila gemeu alto inclinando o corpo para frente.
Ele sabia que ela não estava suportando. Naquela semana ficou fora, fazendo
shows e gravando um clipe no Rio de Janeiro, a saudade de sentir o corpo
daquela mulher lhe consumia.
Victor ficou de joelhos e entre as pernas de Priscila. Baixou a
cueca apenas para colocar o membro para fora e segurando-o com as mãos ficou
massageando aquele ponto sensível na intimidade da esposa. Ela movia o quadril
buscando o prazer e quando estava prestes a mais uma vez acontecer ele foi
invadindo-a aos poucos, sentindo cada milímetro seu entrando e sentindo leves
arrepios ao notar que Priscila estava muito preparada para aquele ato.
_Mete mais rápido, por favor – ela quase gritou.
Com um sorriso enviesado mesmo ela não vendo Victor deitou por
completo sobre ela, se movendo rápido, satisfazendo sua esposa que já estava
enlouquecida em seus braços e com poucos minutos ambos já estavam gemendo alto
quando o orgasmo chegou, primeiro o dela que logo instigou o dele para também
chegar. Caíram na cama exaustos.
_Acho que mais tarde não vou conseguir trabalhar só pensando nessa
nossa transa – Priscila passou as mãos na nuca dele.
Victor buscou se acalmar e sem seguida deitou-se ao lado dela, a
puxando para deitar no seu peito enquanto acariciava com devoção aquele
corpo.
_Se quiser posso te mandar uma mensagem te lembrando disso na hora
do almoço.
_Nem pensa nisso – foi fechando os olhos sentindo o sono vir – eu
te amo...
Conseguiu balbuciar aquelas palavras, em seguida sentiu a cama
ficar mais leve e sabia que ali Victor só voltaria para a cama quando o sol já
estivesse raiando.
***
O despertador trouxe Priscila à realidade. Enquanto ela se mexia
para desligá-lo sentiu que o outro lado da cama estava vazio, nem parecia que
havia desfrutado horas de prazer com seu marido. Ainda relutando contra o sono
levantou e tomou um banho para acordar, estava se trocando e pensando em como
seria seu primeiro dia de trabalho após uma longa pausa. Com esse pensamento
desceu e achou a mesa de café da manhã posta para só uma pessoa.
_Onde está o Victor? – perguntou para uma das empregadas.
_Ele está na varanda.
Foi à procura do marido logo o achando com seu violão, cantando
uma música que até então ela não tinha ouvido. Aproximou-se em passos lentos
sem que ele notasse e quando parou de cantar ela apenas aplaudiu.
_Bom dia – inclinou o corpo para beijá-lo rapidamente.
_Oi. Achei que iria ficar até um pouco mais na cama – aquele olhar
dele deixava bem claro que estava se lembrando da transa na madrugada.
_Esqueceu que hoje começo a trabalhar? – passou as mãos no cabelo
dele, sentindo a maciez. – Vem tomar café comigo?
Enquanto tomavam o desjejum Priscila notou que Victor estava
calado, pensativo. E se o conhecia bem sabia que se tratava sobre a sua volta
para o trabalho. Não iria deixar que ele lhe domasse, não iria aceitar seus
caprichos. Ainda tentou falar com ele sobre assuntos paralelos, mas recebia só
respostas evasivas e monossilábicas. Subiu para fazer a higiene bucal e
finalizar a maquiagem. Victor surgiu na entrada do closet com um olhar triste.
_Tem algo a perguntar? – os olhares se encontraram pelo reflexo do
espelho.
_Não – entrou mais no closet e ficou perto dela observando – É
isso mesmo o que quer?
Priscila respirou fundo buscando a calmaria. Não queria discutir
com o marido logo pela manhã.
_Eu preciso ter minha vida, meu trabalho, meu círculo social. Eu
sei que queria que eu pausasse, que me dedicasse ao nosso filho, mas preciso
também viver.
_Tá, já entendi – cortou o assunto por justamente não querer
discutir – Vem cedo hoje?
_Eu já combinei com a Geane de que vou chegar um pouco mais tarde
porque tenho academia, mas para o Pedrinho não chorar muito esses primeiros
dias almoço aqui em casa.
_Então tudo bem – foi para o lado dele no closet.
Priscila não gostava daquele mal-estar que ficava toda vez que um
assunto era mal revolvido. Aproximou-se dele mais uma vez passando uma das mãos
naquela madeixa grisalha enquanto sussurrava:
_Não fica chateado.
_Não é chateação – bastou Victor virar o rosto na direção dela
para a mesma entender que ele ainda estava estressado – Eu só espero que você
não fique muito tempo afastada de nós.
_Victor, isso não vai acontecer – Aproximou o rosto para beijá-lo
rapidamente.
O que seria um beijo calmo se tornou intenso, com direito a mãos
deles na cintura de Priscila, puxando-a para mais si enquanto sentia o gosto
dela. Finalizou ainda com a boca tão próxima que podiam se beijar mais uma vez:
_Não se esquece do que aconteceu essa madrugada.
_Porque você foi lembrar? – Priscila sentiu o rosto queimar de
vergonha.
_Vai – Victor deu um tapa na bunda dela e se afastou para ir ao
banheiro – Qualquer coisa me liga.
Seria melhor assim, Priscila saiu com um sorriso estonteante.
Passou no quarto do filho, Pedro estava em um sono profundo. Desceu as escadas
e Geane já estava por lá conversando com as empregadas.
_Bom dia, Geane.
_Bom dia Pri.
A ex-empregada deles e agora babá olhou para a patroa. Priscila
mudou muito, amadureceu. Ela acompanhou cada passo daquele casal, sabia o
quanto Victor era apaixonado por a esposa e era recíproco. Aguardou as
instruções do dia:
_Pedrinho ainda está dormindo, mas daqui a pouco acorda. Victor
foi dormir agora, mas quando acordar à tarde ele pode te ajudar em algo. Eu
venho para o almoço porque não quero ficar muito ausente nos primeiros dias.
_Pode ir na paz, Priscila. Se o Pedrinho ficar com saudade coloco
aquele desenho animado que ele tanto gosta e logo ele fica calminho.
_Tá – olhou para aquela casa imensa – Me promete que qualquer
coisa vai ligar para o estúdio ou para meu celular?
_Farei isso sim, mas só em situações que precise de você aqui.
_Ótimo! Então já vou – beijou o rosto da funcionária que a tinha
como alguém da família.
Aquele percurso havia feito alguns meses atrás, quando foi visitar
o pessoal do estúdio de fotografia, mas a partir daquele dia seria sua
rotina passar por todas aquelas ruas, enfrentar um trânsito caótico. Ligou o
som, estava cansada da sua playlist, optou por ouvir uma rádio local que tocava
alguns sertanejos bons. Sua tensão foi se desfazendo e quando chegou ao estúdio
já estava calma e fazendo seu mantra interno de que tudo ficaria bem.
Seus primeiros passos dentro do ambiente de trabalho foram de
alegria, Priscila era recepcionada por vários funcionários que perguntavam
sobre tudo, pediam para ver foto de Pedro. Enquanto mostrava no seu celular
lembrou-se das inúmeras fotos que queria postar e Victor não deixava por achar
que Pedrinho iria ficar muito exposto.
_Traz qualquer dia desses, Pri.
_Irei fazer isso – sorriu e olhou para a porta que estava a sua
frente – Vou lá falar com a patroa.
Antes de entrar naquela sala Priscila bateu de leve, ouvindo uma
resposta positiva para poder entrar. Achou Tatiane ali observando algumas fotos
de um evento que havia trabalhado naquele final de semana. A moça de cabelos
negros olhou para quem estivesse ali e um sorriso largo tomou seu rosto.
_Que saudade eu estava sentindo – abraçou-a forte.
_Para de drama – Priscila buscou o sofá para sentar – Você vai
toda semana visitar o Pedrinho lá.
_Estou falando da minha funcionária e não da amiga – Priscila
ofereceu um olhar matador e ela gargalhou. – E então, como está tudo?
_Bem, só estou com vontade de ligar para casa e saber se o
Pedrinho acordou – olhou para o celular em suas mãos.
_Os primeiros dias serão difíceis. Já sabe que nos dias que não
puder vir me avisa.
_Beleza – levantou-se empolgada – Então vou trabalhar se não
iremos ficar fofocando aqui a manhã inteira.
_Já deixei na sua sala dois números para entrar em contato. São de
turmas diferentes que estão se formando esse ano e querem orçamento.
_Deixa comigo. Obrigada – distribuiu beijos no ar e saiu.
Aquela manhã não foi muito movimentada, Priscila ainda fechou
contrato para uma sessão de fotos para uma gestante e quando olhou no relógio
já passava do meio-dia. Ligou para a sala de Tatiane:
_Tati, horário de almoço.
_Vem conosco? O Cadu está louco pra te ver.
_Infelizmente não posso. Prometi que iria almoçar em casa. Mas
ainda essa semana faremos isso. Beijos.
Priscila lembrou-se do namorado da amiga. Cadu era uma pessoa
tranquila, calma, amigo para todo e qualquer momento. Iria vê-lo no final
daquela tarde, pois sempre iam juntos os três para a academia. Na volta para
casa foi pior, o trânsito lento a deixava impaciente, às vezes até querendo
parar em algum lugar, almoçar e voltar para casa, mas já havia prometido que
iria para casa.
Mal foi entrando com o carro e o motivo da sua felicidade estava
ali, perto do jardim. Pedro estava nos braços de Geane, pulava no colo da babá
porque queria pegar uma borboleta que voava próximo as plantas. Estacionou o
carro e foi em passos largos até o filho que ao vê-la soltou um grito fino e
quase saindo dos braços de Geane.
_Você puxou a energia do seu tio – segurou forte o pequeno, distribuindo
beijos por todo o rosto. Olhou para a babá – Ele deu muito trabalho?
_Só quando acordou. Olhava direto para a sala de estar achando que
você estava lá.
_Agora mamãe está aqui e vai te encher de beijos – abraçou mais
apertado.
Juntas entraram na casa, as duas empregadas estavam na cozinha
conversando. Ainda era estranho para Priscila ter aquele tanto de funcionárias
em sua casa, até mesmo aquela moradia era exagerada. “Coisas de Victor” falou
por pensamento.
_Dona Priscila, vou preparar a mesa para pôr seu almoço.
_O Victor acordou?
_Não.
_Então pode deixar que eu como aqui mesmo – entregou o filho para
Geane.
Priscila sentia olhares estranhos das empregadas, mas pouco
ligava. Em sua vida nunca tivera o luxo, acessórios de marca, nem comidas
estranhas. Só almoçava na sala de jantar quando Victor estava acordado, mas se
dependesse dela sempre estaria ali, na cozinha, comendo na bancada de lanches
rápidos. Após a refeição sentiu que seus seios estavam inchados,
precisava dar a mamada do filho. Subiu com Geane e ficou no quarto do pequeno
enquanto fazia aquele ato de amor, ali podia observar cada traço de Pedro e
ficava admirada em o quanto ele puxou ao pai.
_Agora vamos ali acordar o papai – falou enquanto abotoava a
camisa social e se levantava.
O quarto estava escuro, Priscila já sabia bem como circular por
ali, era seu quarto. Victor estava em um sono profundo, ela teve a certeza
quando ligou o abajur. Ficou observando por alguns segundos, até a posição de
dormir o filho fazia do mesmo jeito. Colocou Pedro em cima do pai e começou a
sussurrar:
_Acorda papai, deixa um pouco do sono para mais tarde... Papai,
acorda... – Priscila sussurrou próximo ao ouvido do marido.
Victor ainda de olhos fechados mostrou um sorriso bobo, sapeca.
Aos poucos foi abrindo os olhos e segurou o filho que estava em seu colo e
observando os traços do pequeno.
_Fizemos um trabalho bem feito.
_Para, Victor – mais uma vez naquele dia ele a fez ficar com as
bochechas coradas de tanta vergonha.
_Estou mentindo? – olhou para a esposa – Sou suspeito em falar,
mas nosso filho é lindo.
Priscila apenas sorriu enquanto alisava os poucos cabelos do
filho. Pedro estava sorrindo sapeca enquanto brincava com os poucos pelos no
peitoral que Victor tinha. Aproveitando que o marido acordou de bom humor, ela
aproveitou e foi até o banheiro, tomou um banho rápido, trocou de roupa e ao
voltar eles não estavam mais no quarto. Desceu e achou Victor tomando café
acompanhado de bolo, pão de queijo, entre outras guloseimas. No seu colo, Pedro
ficava atento ao que o pai fazia.
_Vou aproveitar que o Pedrinho está tão empolgado no seu colo
e vou voltar para o estúdio.
_Não quer que eu te leve? – olhou para a esposa.
_Não, de lá vou pra academia. Tchau – beijou rapidamente e
saiu.
Aquela tarde foi um pouco cansativa para Priscila. Tanto tempo em
casa e acompanhada do filho agora lhe fazia falta. Em certos momentos ficava
parada olhando para a última mensagem que mandou para Victor, perguntando como
Pedro estava, achando que iria ter algo a mais. Perdeu a noção das horas quando
passou de quatro e meia da tarde, era nesse horário que era uma correria
naquele estúdio. Estava enviando o orçamento que fizera para uma turma que iria
se formar e queriam os serviços deles quando alguém bateu na porta, autorizou e
achou Tatiane ali:
_E aí, como foi o primeiro dia de trabalho? – sentou na cadeira de
frente para Priscila.
_Cansativo – suspirou cansada – Mas gostei dessa correria de final
de dia. Já entrei em contato com a turma de Medicina e eles querem o pacote
completo.
_Ótimo! Nosso mês de dezembro será bem corrido. Graças a Deus.
_Pois é – olhou para as horas – E então, vamos pra academia? –
levantou-se empolgada.
_Era isso o que eu queria te dizer. Hoje não vou – Tatiane não
olhou para a amiga enquanto se justificava – Tenho uma reunião com uma turma
que fechei para fazer só as fotos. Vou lá na faculdade onde eles estudam pra
mostrar como será o cronograma.
_Que pena, hoje irei sozinha.
_Que pena, hoje irei sozinha.
_Não. O cadu vai estar lá.
_Menos mal.
Priscila recolheu suas coisas e foi para a academia que ficava
perto do estúdio. Achou Cadu por lá, malharam juntos falando sobre os
preparativos do casamento, mas nada era da mesma forma de quando Tatiane estava
ali. Juntas se empolgavam para falar enquanto estavam na esteira, falavam até
mesmo sobre coisas fúteis que faziam rir sem parar.
_Eu vou falar com o Victor – já estava na saída da academia
conversando com Cadu – Mas acho que em janeiro não tem nenhum outro evento. A
dupla fica de férias. Sem contar que seremos os padrinhos da Tati. Então, acho
que tem sim como pedir para ele e o Leo cantarem na entrada da Tati na igreja.
_Poxa Pri, nem sei como te agradecer – abraçou-a forte.
_Tem sim, faça minha amiga feliz.
Cadu olhou para o céu estrelado, estava um pouco sem jeito quando
respondeu:
_Pode deixar.
Despediram-se e em poucos minutos Priscila já guardava o carro na
garagem ao lado do de Victor. Observou que a casa estava em silêncio, mas foi
entrando em passos lentos e ouviu o violão do marido enquanto que a voz saía de
uma forma agradável de ouvir:
“Até hoje ninguém me disse
Pra que serve um carrapato
Só sei que ele vive escondidinho lá no mato
Esperando algum desavisado passar
Ai! Que coceirinha que dá...”
Priscila ficou encostada na entrada da sala observando Victor
tocar e Pedro calado com os olhos brilhando enquanto observava o pai cantar
aquela canção. Não tinha palavras para o momento, só conseguia apenas ver
aquele momento divertido e de interação entre pai e filho. Após finalizar a canção
Victor sentiu que estava sendo observado, ergueu o rosto e dedilhando o violão
cantou:
_E a mamãe chegou... – colocou o instrumento no sofá e
foi até a esposa, beijando-a rapidamente.
_Não encosta, amor – Priscila espalmou as mãos. – Estou suada. Vou
tomar um banho, mas... – entrou na sala e beijou o rosto do filho que estava
sentado no carrinho de bebê – Preciso ver esse pequeno rapaz que ganhou um show
particular do pai.
_Ele está com sono. Tô tentando fazer de tudo para ele não dormir.
_Não deixa, Victor – levantou-se – Se ele dormir vai acordar
de madrugada e eu não posso ficar com ele porque amanhã tenho que
trabalhar.
_Já deve ter notado que estou fazendo até o impossível para isso
acontecer, né?
_Sim – foi até o marido e beijou rapidamente.
Aquela água morna em seu corpo a fez relaxar. Aproveitou que
Victor estava cuidando do filho e se deu ao luxo de tomar um banho caprichado,
cuidando do corpo e do cabelo. Aquele primeiro dia de trabalho foi
estressante e com muita correria, talvez estivesse enfadada com a ida para o
almoço e em seguida voltar para o trabalho. Colocou um baby doll de seda e foi
até a sala, estava tudo em silêncio. Priscila achou Victor assistindo algo na
TV enquanto que Pedro dormia como um anjinho. Notou que o marido sobressaltou
assustado quando gritou:
_EU TE PEDI PRA NÃO O DEIXAR DORMIR.
_Hei, calma! – Victor sentou-se ainda assustado – Eu não tive
culpa. Tentei fazer de tudo, mas o Pedrinho quis dormir.
_AH CLARO, NÃO VAI SER VOCÊ QUE VAI FICAR ACORDADA A MADRUGADA INTEIRA
PORQUE ELE SÓ VAI DORMIR ÀS CINCO DA MANHÃ E AS SETE EU TENHO QUE ME LEVANTAR
PARA TRABALHAR.
_SE ISSO É O PROBLEMA EU POSSO FICAR COM ELE. SE TEM ALGO QUE NÃO
ME INCOMODO É COM ISSO – Victor levantou-se com raiva, pegando o filho nos
braços, antes de sair da sala ainda falou para a esposa – Pode ir dormir, vá
descansar sua beleza.
Priscila sentiu vontade de responder o sarcasmo do marido, mas
optou por ficar calada. Foi até a cozinha apenas para comer uma fruta e subiu
para o quarto. Estava tão cansada que sequer pensou na pequena discussão que
teve com Victor. Acordou na madrugada com o barulho da babá eletrônica, ainda
sentou-se e olhou para o relógio, 2h45min. Levantou-se e foi até o quarto do
filho, Pedrinho já chorava desesperado, o colocou nos braços e estava levando
ele para o quarto quando Victor apareceu no corredor e logo tomou o filho dos
seus braços.
_Vai descansar. Eu fico com ele.
Viu seu marido sumir do seu campo de visão e um arrependimento
surgiu. Fora tão ríspida naquela noite, talvez estivesse estressada com o
trabalho e havia descontado em Victor. Ainda ficou rolando na cama, olhando
para o teto e sem sono desceu para a sala. Não ligou nenhuma luz, apenas a TV
estava ligada e quando se aproximou em silêncio viu que o marido estava com
Pedro nos braços, dando a mamadeira. Enquanto o filho tomava ficava observando
os traços do pai que falava baixinho, mas que ela entendeu bem:
_Um dia você vai casar, ter uma esposa, e vai saber do que estou
falando. Mamãe está nervosa, mas deve ser o trabalho. Mas vamos bolar um plano:
quando você tiver dois anos de idade pede um irmãozinho ou uma irmãzinha, e aí
ela vai atender seu pedido e vai ficar em casa, nem vai querer mais trabalhar...
Priscila segurou um riso para que ele não notasse sua presença,
mas dentro de si até se divertiu com aquela história do marido. Fora notada
quando o mesmo ergueu o rosto.
_Ihhh Pedrinho, alguém ouviu nosso plano.
Ainda sorrindo, Priscila foi até o sofá, sentando ao lado dele e
observando o filho.
_O que foi, não quer dormir mais?
_Não Victor. Já descansei minha beleza – usou no mesmo tom
sarcástico.
Victor olhou sério para ela, queria fazer as pazes, mas achava que
ela não. Priscila encostou a cabeça no ombro dele enquanto sussurrava:
_Desculpa por ontem.
_É... fazer o quê. Quantas vezes eu chego aqui em casa descontando
meu estresse do trabalho e você entende. Deixa pra lá.
Ficaram em silêncio observando o filho que ainda estava no colo de
Victor.
_Amanhã você chega cedo?
_Por quê?
_No começo da noite tenho uma reunião. Mas vai ser rápido, só
sobre a agenda dos próximos meses.
_Eu volto pra casa cedo – lembrou-se de algo que achou estranho
naquela tarde. – A Tati está tão estranha.
_Estranha como? – Victor baixou o rosto para observar a esposa.
_Hoje não foi pra academia comigo, disse que tinha uma reunião,
mas eu não senti verdade nas palavras dela.
_E o que você acha?
_Não sei...
Voltaram a se calar, mas Victor iniciou outra conversa:
_Se a Tati não foi, porque você foi a academia sozinha?
_Eu não quis perder. O Cadu estava lá e o personal também.
_Acho que vou ter que instalar uma academia aqui em casa. Temos um
amplo espaço naquele salão que usamos para festas.
_E porque você faria isso Victor? – Priscila desencostou a cabeça
do ombro dele e o fitou séria.
_Quem garante que esse personal aí não vai dar em cima de você?
A gargalhada dela ecoou o ambiente e deixou Victor com uma
expressão mais séria no rosto.
_Pode ficar tranquilo que aquele ali é profissional até demais –
ficou observando Victor – Ele toca na minha bunda, nas minhas coxas, mas... da
fruta que eu gosto ele adora.
_Você tá me dizendo que... – incitou-a para completar sua frase.
_Que ele é gay.
Victor relaxou com aquela confissão. Há muito tempo queria falar
sobre o assunto, mas não queria que descobrissem que ele estava com ciúmes.
Sorriu enquanto olhava para a TV.
***
Victor chegou ao escritório e a reunião já estava acontecendo.
Adiantaram sobre próximos shows, campanhas e o evento beneficente que
aconteceria no mês seguinte. Já estava entediado quando terminou e todos saíram
da sala de Leo, que já estava com os papéis em mãos e um sorriso largo no rosto.
_Hoje temos notícias boas. Faremos uma turnê na Europa.
_Bacana – Victor respondeu enquanto lia o contrato.
Os papéis nada mais eram que o fechamento com a empresa que os
levaria para fazer aquela pequena turnê. Victor deu um longo suspiro ao
imaginar que mal tinham encerrado o ano, faltando apenas alguns meses para isso
acontecer, e já tinha contratos fechados para fora do país no ano seguinte. Já
imaginava ter que ficar longe da esposa e do filho.
_Já tem data certa para o evento?
_Sim. Está aí nas folhas.
Leo sabia que o irmão não iria gostar daquela ideia, tinha
percebido que nos últimos meses Victor se entregou muito para a nova vida que
estava levando ao lado de Priscila e Pedro. Ele também já tivera momentos como
esse, por isso iria entender caso o irmão viesse a discutir. Victor continuou
lendo aqueles papéis. Depois do roubo que tiveram com Otávio aprenderam que o
melhor sempre seria se precaver e não assinar nada antes de ler. Uma cláusula o
deixou intrigado.
_O evento acontecerá esse ano ou estou enganado?
_Sim.
_Leo, já viu essas datas?
_Eu já fiz o cronograma, nós conversamos antes de você chegar e
percebi que dará tempo de chegarmos em casa...
_Isso não vai dar certo – Victor o cortou antes de ele terminar
aquela frase – 26 a 30 de dezembro? Cara, você enlouqueceu?
_Fica tranquilo que vai dar certo. Confia em mim, Victor.
E mesmo que Victor pudesse dizer não a assinatura do irmão e do
sócio da dupla já estavam naquele papel. Respirou fundo e assinou.
A partir daquele momento, Victor sentiu um mal-estar. Aquela
viagem não era bem-vinda. Fim de ano ele gostava de dedicar para sua família,
descansar. Pensou em Pedro e Priscila, como daria essa notícia para a esposa?
Justamente pelo fato de terem comprado aquela casa enorme já tinham planos de o
réveillon acontecer ali, ela convidaria sua família e ele também faria o mesmo.
Não quis discutir com o irmão, mas já sabia que aquela pequena turnê fora do
país não seria benéfico para ninguém.
Assim que chegou em casa de cara uma notícia boa ele teve:
Priscila já estava em casa, pois seu carro estava estacionado na garagem.
Desceu do veículo, em passos lentos foi até a casa, olhou para o céu, estava
bonito, estrelado. Achou Geane na porta beijando Pedro que estava no colo de
Priscila e já choramingava.
_Victor – Geane o cumprimentou.
_Quer carona? Posso te levar para casa.
_Obrigada, querido, mas o Jonas já está aí na porta – beijou o
rosto do patrão.
Victor olhou para a babá do seu filho, era uma boa mulher e que o
considerava muito mais do que um patrão. Quantas vezes não lhe dera puxão de
orelha por estar discutindo por bobagens com Priscila? Subiu os degraus e tirou
a atenção de Pedro para Geane, o abraçando e levando para casa.
Era coisa de vidas passadas, Priscila falava para si enquanto
observava o marido entrar em casa. Não precisou nem um olhar para ela saber que
o marido não estava nos melhores momentos. Entrou acompanhando ele.
_Quer jantar?
_Sim.
_Vou pedir para as meninas providenciar.
Saiu de perto de Victor e foi ajudar as empregadas a preparar a
mesa para o jantar. O melhor seria ficar afastada para não acontecer nenhuma
discussão. Parando um pouco para analisar ela sentiu que não era raiva, mas
preocupação o que emanava do marido. Iria achar um momento bom para deixá-lo
desabafar. Em poucos minutos já estavam sentados à mesa, jantando. Ela optou em
colocar Pedro no seu colo.
_E como foi a reunião – iniciou o assunto quando já estavam
jantando.
_Eu posso falar outra hora? Agora é a hora de jantarmos em paz.
Em poucas palavras Priscila entendeu que Victor não estava
querendo conversar sobre o que lhe afligia. Para descontrair, achou melhor
falar sobre como foi seu dia:
_Hoje eu fechei o contrato para tirar fotos de uma gestante.
Adorei conhecê-la, ela passa uma calmaria, sabe? Enfim – desviou o garfo da mão
de Pedro que tentava roubá-lo – escolhemos fazer o ensaio em um local mais
calmo e com gramas. Algo relacionado à natureza.
_E porque não escolheu a fazenda?
_Porque você não iria concordar em alugar – Priscila estreitou os
olhos fingindo estar com raiva.
_O que é meu agora é seu.
E isso ela sabia bem, pois após um ano e um mês de casados
Priscila já estava acostumada a ter todo o luxo do marido sendo seu também, mas
sabia que Victor não gostava quando Tatiane queria pagar o aluguel ao usar a
fazenda e sempre rolava discussões engraçadas por isso. A amiga, era pedante,
não gostava de usar da boa vontade. O marido, orgulhoso e que não aceitava
nenhum dinheiro se referindo ao trabalho dela.
_Terei outra reunião com ela e aí posso falar sobre, mas você
fique sabendo que Tatiane mais uma vez vai depositar o valor do aluguel do
espaço na sua conta.
_E aí eu devolvo.
Por um momento riram com vontade, Pedrinho até engatou uma risada
engraçada, fazendo assim aquele jantar terminar na paz.
Priscila já estava na sala assistindo e ajudando o filho a fazer bagunça
com os brinquedos quando Victor sentou-se ao seu lado no sofá. Agora não tinha
mais como fugir, iria contar a ela e receber conselhos. Fechou os olhos
rapidamente quando sentiu os dedos da mão da esposa afundando em seu cabelo,
achando o couro e fazendo um carinho.
_A Tatianna ligou pra mim.
_E sobre o que falaram – ele olhou rapidamente para ela
_Sobre o evento beneficente do Leo – Priscila suspirou porque sabia que a confusão iria se instalar ali – Ela perguntou se eu não queria levar o Pedrinho.
_E você explicou que não iremos levar, não é?
_E sobre o que falaram – ele olhou rapidamente para ela
_Sobre o evento beneficente do Leo – Priscila suspirou porque sabia que a confusão iria se instalar ali – Ela perguntou se eu não queria levar o Pedrinho.
_E você explicou que não iremos levar, não é?
Em alguns minutos Priscila achava ser paranoia do marido toda essa
história de esconder Pedrinho, não deixar ela circular com ele em qualquer
lugar. Nem fotos ele deixava a família publicar em modo público.
_Eu falei que vou pagar um acréscimo pra Geane ficar aqui tomando
conta dele – ficou alguns segundos em silêncio, mas já não conseguia se calar
mais. – Eu não entendo porque não podemos levá-lo.
_Não começa Priscila...
_Às vezes acho paranoia sua. Se mostrássemos o Pedrinho logo as pessoas iriam falar e depois nem ligariam mais.
_O problema é que não estaremos em um evento de família. Várias pessoas circularão naquele local, algumas até fãs.
_Sabe qual é o seu problema? Se preocupar demais com o que veem, pensam e falam – parou de fazer carinho no cabelo dele e ficou fitando a TV. – Puta merda, Victor.
_Eu sou o pai e não quero. Fim de assunto.
_Eu sou a mãe e também tenho todo direito de decidir quando e onde quero estar com meu filho.
_Priscila, já chega! Sabemos que esse assunto não vai dar em nada.
_Não começa Priscila...
_Às vezes acho paranoia sua. Se mostrássemos o Pedrinho logo as pessoas iriam falar e depois nem ligariam mais.
_O problema é que não estaremos em um evento de família. Várias pessoas circularão naquele local, algumas até fãs.
_Sabe qual é o seu problema? Se preocupar demais com o que veem, pensam e falam – parou de fazer carinho no cabelo dele e ficou fitando a TV. – Puta merda, Victor.
_Eu sou o pai e não quero. Fim de assunto.
_Eu sou a mãe e também tenho todo direito de decidir quando e onde quero estar com meu filho.
_Priscila, já chega! Sabemos que esse assunto não vai dar em nada.
Ela percebeu que havia falado demais e no momento errado. Era
perceptível a maneira como Victor estava arrasado com algo e ela não era o
motivo. Ficaram longos minutos observando Pedrinho brincar para enfim Priscila
dar uma trégua e olhar para Victor. Ele estava de olhos fechados mais uma vez.
Achou proveitoso mais uma vez acariciá-lo nas madeixas.
_E aí, sobre o que falaram na reunião para te deixarem com essa
cara emburrada?
Logo Victor já estava com os olhos abertos e encarando a esposa.
Como Priscila tinha o dom de lhe acalmar até mesmo dentro do olho do furacão?
Permaneceu alguns segundos em silêncio para só depois falar:
_Vamos fazer uma pequena turnê na Europa.
_Mas já tem show para o ano que vem?
_Não vai ser ano que vem... será em dezembro.
_Isso é bom, amor – continuou o acariciando.
_Fala isso porque não sabe quando vai ser.
_Tá, e aí, qual a data?
_26 a 30 de dezembro.
Aquilo preocupou Priscila, mas não podia demonstrar. Olhou para a
TV enquanto pensava. Tinham feito planos, ela já tinha comprado as passagens
aérea da família para que comemorassem todos. A família dele também já tinha
dito que se hospedariam na casa deles. Será que daria tempo de Victor chegar
para comemorarem a virada de ano?
_Nossa, logo nos últimos dias do ano – foi o que conseguiu falar.
_Eu estou cogitando em cancelar.
_Você nem é louco – dessa vez o encarou. – Vai dar tempo, amor.
_Será?
_Claro.
Pedro deu um grito de alegria enquanto apertava um bonequinho de
borracha e saía um barulho de apito. Uma ideia surgiu na cabeça de Victor:
_Você podia ir comigo... na verdade, nós podíamos ir.
_O Pedrinho? – olhou para o filho e ao mesmo tempo para ele.
_E porque não?
_Eu não sei. Ele é muito novinho, Vi.
_Tem razão.
Seria loucura levar a esposa e o filho quando sabia que ambos
teriam que ficar dentro do hotel. Outro fator era mudança de clima, Pedro
poderia adoecer e essa culpa ele não queria carregar.
Algo dentro dele dizia que aquela virada de ano não seria nada
boa.
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Nota da autora: amores, mil desculpas e infelizmente até o fim do ano vai ser assim. Demora pra postar e correria sem fim.
Espero que estejam gostando e aguardem que teremos uma longa jornada com nosso casal preferido: Victor e Priscila.
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Nota da autora: amores, mil desculpas e infelizmente até o fim do ano vai ser assim. Demora pra postar e correria sem fim.
Espero que estejam gostando e aguardem que teremos uma longa jornada com nosso casal preferido: Victor e Priscila.
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