Capítulo 04
Priscila ficou completamente sem fala ao ver aquela cena diante dos seus
olhos. Nem nos seus piores pensamentos imaginaria uma situação daquela. Pensou
em Tatiane, como reagiria se um dia viesse a saber, pensou se aquela mulher era
amante do futuro marido da amiga, e se sim, há quanto tempo? Estava parada
diante dos dois.
_Com licença – foi somente o que conseguiu pronunciar.
Em passos largos pegou o presente de Pedrinho e passou mais uma vez por
aquele corredor, mas dessa vez sequer olhou pra os lados. Antes de fechar a
porta ouviu as vozes de Cadu e Ivy conversando, saiu sem tentar escutar. Seu
coração batia descompassado enquanto entrava no carro. Qual caminho seguir? Ela
não sabia, apenas ligou e saiu mais rápido que pode dali. Suas mãos tremiam
enquanto seu carro circulava sem rumo algum, nem sua casa ela sabia como ir.
Pensou em ir à casa da amiga, mas Tatiane já havia deixado claro que estava em
algum compromisso. Aos poucos seu percurso estava sendo formado em sua mente e
nas mãos e os pés que conduziam aquele veículo.
***
Maya estava apenas checando como foi o dia, quais consultas foram
remarcadas. Ouviu passos de alguém se aproximando em sua sala, imaginou ser sua
recepcionista. Assustou-se quando viu Priscila mais branca que a parede de seu
consultório.
_Amiga? – indagou levantando-se e indo até Priscila – está tudo bem?
_Sinceramente? Não – a própria Priscila buscou o sofá que ficava naquele
consultório e sentou-se.
_O que houve? Você e Victor brigaram?
_Maya, só senta aqui do meu lado, porque eu preciso de um conselho...
*
Maya não conseguia produzir nenhum som vindo da sua boca. Estava
horrorizada com o que Priscila havia acabado de comentar. Aquela história
estava muito pesada.
_Então eles te viram?
_Sim. E com certeza não imaginavam que a pessoa que estava se aproximando
daquela sala fosse eu.
_Pri, poderia ser qualquer pessoa, mas era óbvio que eles iriam se afastar.
_Eu não entendo porque ainda ficaram tão colados quando sabiam que alguém
estava se aproximando. E se fosse a Tati?
_Talvez eles queriam serem pegos e acabar de vez com isso. Não sei bem. Sigo
perplexa com a falta de caráter do Cadu.
_Eu não sei o que fazer – passou as mãos ligeiramente no rosto.
_Acha melhor contar para ela? – Maya indagou após longo minutos em silêncio.
Priscila estava com uma bomba, um assunto sério. A todo o momento
utilizou a empatia e tentava imaginar se fosse ao contrário, o que queria para
si. Ser enganada e apaixonada ou saber de tudo?
_O que você faria, May?
_Eu no seu lugar contaria sim. Ou chamaria o Cadu para conversar. Mas acho
justo a Tati saber. Antes de tudo ela é sua amiga, não ele.
Era essa clareza que Priscila estava precisando. De alguém que lhe
incitasse a contar a verdade, e se Cadu viesse mentir estaria com a consciência
tranquila. O celular tocou, Victor na ligação, preferiu recusar.
_Eu vou nessa. Precisava de alguém para me ajudar – levantou-se e
abraçou Maya.
_Sabe que se precisar de mim estou aqui. E se der algum problema esse assunto
serei a testemunha de que vi como chegou nervosa aqui.
_Obrigada.
Despediu-se Maya e logo estava indo para casa. Em um semáforo no
vermelho digitou para Victor uma mensagem de que estava voltando para casa, que
quando chegasse conversariam. Durante o percurso aquela cena se repetia em sua
mente, tentava esquecer, mas só imaginava em o quanto Tatiane iria sofrer
quando descobrisse. No fundo, Priscila sabia que a amiga estava muito apaixonada por Cadu.
Avistou o portão de casa e sentiu um alívio, pois era exatamente aquele
aconchego que estava precisando. Seu coração se aqueceu rapidamente quando
estacionou o carro na garagem e Victor veio ao seu encontro com Pedrinho nos
braços.
_Demorou – deu um selinho na esposa.
_Desculpa, estava resolvendo algumas pendências – tirou o filho dos braços do
marido e juntos foram até a parte interna da casa. Durante o caminho, ela
mostrou o carrinho que a funcionária havia presenteado ele.
Victor sentiu desde que a esposa chegou que ela tinha algo para falar.
Estava pensativa enquanto acarinhava o pequeno no colo e o deixava no tapete da
sala.
_Quer conversar? – passou as mãos na cintura dela.
_Pode ser depois de eu tomar um longo banho?
_Como quiser.
Deixou a esposa subir e ficou com Pedrinho no tapete se divertindo com
os brinquedos. Nos últimos tempos estavam se entendendo, respeitando o momento
do outro. Victor e Priscila estavam em uma fase do relacionamento que era
perfeito para ambos.
Dentro do chuveiro, Priscila continuou pensativa, buscando uma ajuda
interna. Dentro de si, queria muito ligar naquela noite para Tatiane, mas algo
lhe pedia para esperar, que seria muito precipitada na atitude. E sendo assim,
deixou aquele banho lavar até sua alma, estava tranquila por saber que Victor
estava com o filho e nesse momento poderia se dar ao luxo de aproveitar
sozinha.
Estava descendo a escada quando Maya ligou rapidamente para ela. Victor
ouviu apenas frases monossilábicas. Priscila aproveitou mais um pouco e foi
comer algo. Estava sentada próxima ao balcão de refeições rápidas, pensativa,
olhando para um ponto qualquer quando o marido acordou-a do devaneio:
_Priscila, está tudo bem? – sentou-se ao lado dela com o filho nos
braços.
_Sim. Por quê?
_Está pensativa. – Victor deixou alguns segundos passarem para ir direto ao
assunto – O que foi fazer no consultório de Maya?
Priscila parou de comer para olhar o marido. Um brilho nos olhos se
formava enquanto ele esperava a resposta. Se tivesse com a comida na boca iria
se engasgar ao imaginar ao que ele se referia.
_Está pensando que...?
_Me fale você – Pedrinho quis pegar uma maçã e ele deu. – Tem algo para me
contar?
_Meu Deus, Victor – foi interrompida por a voz dele.
_Você demorou, depois disse que precisava conversar comigo. Se for o que estou
pensando não vou te julgar. Estou muito feliz.
Ela não sabia como iniciar aquele assunto sem desanimá-lo, mas foi
preciso. Terminou de comer o que tinha colocado na boca para falar:
_Não estou grávida. Não fui ao consultório de Maya como paciente, fui
como amiga que precisa de conselho. Principalmente depois do que meus olhos
viram hoje.
_Certo – Victor ficou um pouco desapontado, mas ignorou por saber que Priscila
iria começar a falar o que tanto lhe afligia. – E o que seus olhos viram hoje?
Mais uma vez ela contou com riqueza de detalhes, de fato ainda estava
insegura com qualquer atitude que fosse tomar. Finalizou quando já tinha
acabado de comer e estava tomando o suco.
_O que acha? – perguntou ao marido para saber sua opinião.
_Eu estou sem fala. Esperava isso de outra pessoa, mas o Cadu? O cara que
promete mundos e fundos para Tatiane? O que fizeram com ele?
_Eu e Maya achamos que ele já tinha um caso com essa moça quando ela entrou pra
o estúdio.
_Com minha visão de homem afirmo que também acho. Mas o problema é saber quando
isso tudo começou.
_Eis a questão, eu não sei. Acho que o relacionamento dele com a Tati deve ter
dado uma balançada. Uns três meses atrás ele foi pra um seminário e lá deve ter
achado ela né? – terminou de beber o suco.
_Eles começaram a morar juntos no começo do ano, correto? – Priscila afirmou
com a cabeça enquanto virava o copo – O relacionamento deve ter caído na rotina
e aí ele buscou fora.
_Mas isso não é certo, Victor.
_Mas nós somos a prova viva de que acontece – Victor relembrou das inúmeras
vezes que pensou em trair Priscila quando ainda estavam no contrato.
_Isso soa muito machista.
_Não estou defendendo a atitude do Cadu, mas que isso é mais normal do que
pensa.
Priscila parou com o copo em mãos e lembrou-se de tudo que viveram
durante um ano de contrato.
_E se fosse hoje, me trairia?
_O quê?
_Não se faz de bobo, Victor. Responde o que te perguntei.
_Porque essa pergunta agora?
_Nós sabemos que a carne é fraca, que você já fez coisa pior... – mais uma vez
foi interrompida por Victor.
_Quer saber? Esse assunto está ficando insuportável – levantou-se com o filho
nos braços e subiu.
Infelizmente com o histórico que Priscila teve nunca mais iria confiar
no marido. Victor era rodeado por lindas fãs, que sempre estariam disponíveis
sem filhos, casa trabalho para ter. Lembrou-se que nas redes sociais algumas
até já postavam sobre ir para a turnê que a dupla faria fora do país naquele
fim de ano. Ela sabia que precisava confiar no marido, que não havia motivo
algum para duvidar, mas seu eu ligar uma luz amarela para que prestasse mais
atenção.
Subiu a escada e foi fazer a higiene bucal. Durante o percurso, ouviu
Victor cantando baixinho no quarto do filho para que ele dormisse. Não entrou
naquele cômodo, pois sabia que Pedrinho iria ficar atento quando soubesse que a
mãe estaria ali e não iria dormir. Assim que terminou seus afazeres, saiu do
quarto e não viu Victor mais ali, o filho dormia em seu mais profundo sono e
deixou-o assim. Desceu a escada e achou tudo desligado, o marido assistindo
algum documentário na TV. Sentou-se ao seu lado, tirando o controle das mãos
dele e pausando. Não iria deixar seu relacionamento ficar mal porque os dos
demais estavam.
_Me perdoa por tocar naquele assunto?
_Melhor nem começarmos a falar, Priscila – ignorou-a e ficou olhando a TV mesmo
com o documentário pausado.
_Eu reconheço que estou insegura, mas tenho meus motivos.
_Quais? De eu te trair com alguma garota novinha que surgir em minha frente?
Por Deus, Priscila! Você fala umas coisas que me assustam.
_Eu não falei isso, você quem colocou palavras em minha boca.
_Mas já sei o enredo todo. Vamos encerrar por aqui. Toda vez que você toca em
qualquer assunto do passado eu fico mal.
Ela sentiu muito quando os olhos dele lacrimejaram. De fato era difícil
para ambos aquelas histórias antigas, ela não tinha porque mexer. Seguiu calada
e apertou o play do documentário para ele assistir. Aninhou-se nos braços dele
e ficou quieta. Já em alguns minutos ele assistindo, passou uma das mãos na
cabeça dela, acarinhando, quando sua voz saiu baixa e rouca:
_Sobre amanhã, faça o que seu coração mandar.
_Obrigada – agarrou-se mais ao corpo dele, que como resposta desceu a mão para
as pontas do cabelo, acariciando suas costas.
*
A única coisa que Priscila lembrou-se ao acordar, foi de Victor
sussurrando em seu ouvido para ir para a cama. Depois disso não lembrou como
foi parar ali. Espreguiçou-se e desligou o alarme. Olhando para o teto
lembrou-se da história com Tatiane. Estava disposta a naquele dia falar para a
amiga, independente se fosse ao início ou no fim do expediente. O que importava
mesmo era achar uma brecha onde estivessem a sós. Desceu e a mesa estava posta,
Victor e Pedrinho estavam no jardim, podia ouvir os gritos finos do filho
enquanto tomava seu desjejum.
_Bom dia, Geane. Sabe dizer se Victor tomou café?
_Sim – a babá respondeu. – Ele preferiu fazer isso antes de o Pedrinho acordar.
_É. Hoje teremos show de choro – bebericou o café. – Victor vai viajar para
trabalhar e nem quero ver quando Pedrinho notar que o pai não estará a noite.
Priscila reconhecia que naquele momento da vida do filho, Victor estava
mais presente que ela. Com isso, o filho ficou praticamente dependente do pai,
bastava ele ver o carro sair para chorar.
_Mas hoje fazemos o mesmo procedimento de sempre, Pri. Espero você
chegar e aí ficamos brincando com ele até não notar que o pai não está.
_Vou ficar muito grata, Geane. Fim de ano aquele estúdio fica uma loucura.
_Sei bem como deve ser, basta só ver o horário que você está chegando.
_É. Está um caos gostoso – juntas riram e ela se levantou. – Deixa eu ir pra
dar tempo de pegar o trânsito tranquilo.
Em pouco tempo Priscila já estava maquiada, com a bolsa e a chave do carro
em mãos. Desceu e foi ao encontro do marido e do filho.
_Que felicidade é essa? – indagou vendo o filho apontar para uma planta.
_Ele viu uma borboleta e quer pegar – Victor olhou para a esposa e ficou
admirado – Está linda.
_Para! – sentiu o rosto ficar corado.
_Quando eu chegar de viagem quero ver esse rosto assim, vermelho, mas depois de
uma noite quente.
_Victor... – o repreendeu olhando para o filho – Você fica falando essas coisas
e alguém pode ouvir.
_Ahh, Pedro. Ouviu isso? – olhou para o filho – Sua mãe inventando desculpas
para não responder minhas cantadas.
_Chega de papo. Preciso ir – o beijou rapidamente. – Quando estiver saindo para
viajar me liga?
_Claro, minha senhora – beijou-a mais uma vez. – Boa sorte com aquele assunto
lá.
Só ali Priscila lembrou-se que tinha um assunto a tratar com Tatiane.
Foi logo para o trabalho e em pouco tempo chegou. Antes de sair do veículo
olhou para suas mãos, tremiam muito. Aquela era a hora da verdade. Saltou do
carro e entrou no estúdio. Tudo estava calmo, não havia ninguém na recepção.
Olhou para o relógio e estava pontual. Suzane apareceu.
_Onde está todo mundo, Su?
_Na sala de reunião. Vem.
Achou estranho haver reunião naquela hora da manhã sem sequer avisarem
no grupo do WhatsApp, mas entrou e estavam todos, só faltando ela, que buscou
uma cadeira no fundo da sala enquanto Tatiane e Cadu já falavam:
_...Nós vimos o quanto é complicado quando estamos em uma reunião com
algum cliente e nos ligam para falar a respeito de algum problema que surgiu
aqui. – Tatiane finalizou o assunto, mas Cadu complementou em seguida.
_Como exemplo disso, foi em novembro quando precisamos de alguém aqui na hora
certa para fazer uma tomada de fotos e não estavam. Suzane ligou para nós e foi
bem no momento que estávamos conversando com um cliente antigo que nos conhece
desde nosso antigo emprego – olhou para a namorada. – Se não fosse Priscila
para nos socorrer não sabíamos o que fazer.
Priscila notou que o namorado da amiga sequer olhou fundo em seus olhos
ao mencioná-la. Ele sabia que estava errado e tentou ignorar aquele assunto.
Tatiane prosseguiu o assunto da pauta da reunião:
_Foi pensando nisso e em outros fatores, que decidimos de que precisamos
de alguém para um cargo de responsabilidade na nossa ausência. Cadu já havia conversado
comigo há dias e ontem a noite ele só reforçou. Então hoje, decidimos falar
para vocês que a partir desse momento, escalamos Ivy para ser a supervisora,
uma gerente para vocês.
Tudo parecia estar em câmera lenta para Priscila, mas era apenas o sistema
nervoso dela passando lentamente o que via diante de si. Ivy levantou-se com um
sorriso de vitória, ousado, medindo desde aquele momento todos a sua volta, dos
pés a cabeça, quando se aproximou do casal. O estômago dela revirou dentro de
si, Priscila jurou que iria vomitar naquele momento. O que estavam fazendo com
sua amiga? Cadu estava agindo mais sujo do que ela pensou. Enquanto todos se
levantavam e iam cumprimentar a mais nova supervisora, ela se aproximou de
Tatiane.
_Precisamos conversar – foi o que conseguiu sussurrar.
Tatiane pediu licença e foi junto com Priscila até sua sala. Ao fechar
notou o desespero da amiga.
_O que foi, Pri? No que posso te ajudar? – sentou-se na cadeira e ligou
o notebook.
_Como você aceita uma situação dessa, amiga?
_Que situação?
_Tati... – Priscila buscou a cadeira e sentou-se – Eu tenho muita amizade com
você e não vou deixar isso acontecer.
_Priscila, vai com calma. Começa do início.
_Mas isso é o início. Porque ela? Tinham tantas outras funcionárias perfeitas
para essa vaga e... – foi interrompida por Tatiane.
_Está falando da Ivy? Ah, amiga, o Cadu tem razão. Ela é tem muita experiência
de quando trabalhou na agência de modelos – Priscila também lhe cortou a fala.
_Mas aqui não é uma agência de modelos, Tati. É bem diferente.
_Para amiga, não é tão diferente assim – rolou os olhos ignorando
Priscila sentiu um fogo consumir seu corpo.
_Você está cega! Sequer sabe o que essa garota vem aprontando aqui –
alterou a voz.
_O que está dizendo?
_Ela não é o que você pensa... Aliás, nem o Cadu é.
_Priscila, já chega! – alterou a voz mais ainda – Se tem alguém que está cega
aqui é você com essa inveja toda para o lado da Ivy!
O coração de Priscila foi batendo fraco quando ouviu o que a amiga
disse. Aguardou alguns segundos para ver se realmente fora aquilo que ouviu.
_O que disse? – sua voz saiu fraca.
_Isso mesmo! O Cadu bem que me alertou que isso iria acontecer! Você está cega
de raiva porque achou que só porque era minha amiga iria ter esse cargo alto
aqui na empresa.
_Mas como eu iria querer algo assim quando você sabe que estou resolvendo minha
vida pessoal com a chegada do meu filho?
_Isso é o que você fala Priscila, mas no fundo eu venho sentindo seu veneno pro
lado da Ivy. Acho melhor parar com essa inveja toda.
Com uma decepção daquela, não restou alternativa a não ser Priscila
levantar-se vagarosamente, limpar as primeiras lágrimas que caíam em seu rosto
e sussurrar:
_Eu preciso me ausentar do trabalho hoje. Pode ser?
_Acho melhor, Priscila, ou sabemos que nossa discussão irá piorar. Venha
somente quando estiver bem e disposta a aceitar a atual situação da empresa.
Priscila saiu em passos rápidos, ignorando quem quer que estivesse em
seu caminho. Entrou no carro e engoliu o choro. Precisava ser forte para ter
que lidar com aquela decepção, porém, lágrimas caíam em seu rosto, eram
silenciosas. Não soube como, mas parou o carro na garagem de casa, desceu e
olhou para aquela imensa casa, se perguntando o porquê decidiu se afastar de
filho, marido, para ajudar quem sequer precisava da sua ajuda. Acelerou os
passos e entrou em casa, tinha visto de esguelha que Geane estava com Pedrinho
na área da piscina, agradeceu e subiu. Buscava um conforto que sabia que
encontraria nos braços do marido. O chamou, mas não teve resposta. Buscou no
closet, a mala já estava pronta. Ao virar ele estava saindo do banheiro com uma
toalha amarrada na cintura, cabelo molhado e um olhar assustado.
_Chegou cedo?
Victor não obteve resposta, apenas ela vindo em sua direção, o abraçando
forte e afundando o rosto enquanto chorava alto.
*
Leo já havia ligado para Victor por mais de seis vezes, na sétima ele
atendeu pedindo que aguardassem mais um pouco. Não iria simplesmente viajar e
deixar sua esposa desconsolada. Priscila estava deitada na cama, mas o choro
continuava na mesma frequência que chegou. Naquela manhã, ele ouviu inúmeras
vezes frases do tipo “porque não te ouvi?” “Está doendo tanto!”.
_Tenta se acalmar, Priscila. Sei que é difícil, mas deixa pra lá.
_Não tem como, Victor. Eu devia esfregar na cara dela que não precisava dessa
merda de trabalho, que só queria ajudar.
_Então se acalma e veja se é isso o que quer. Já te disse pra trabalhar aqui em
casa, fazer suas fotos. Você não precisa desse trabalho, Pri. – apertou-a mais
no abraço enquanto as lágrimas dela caíam em seu peitoral. – Mas não faça nada
de cabeça quente.
Sussurrou cantarolando uma música que passou por sua cabeça enquanto ela
estava apenas resfolegando e buscando calmaria. Nos braços daquele homem era
tão feliz, tinha a paz, mas lembrou-se que ele precisava ir. Afastou-se do
corpo dele, sentando na cama.
_Vai. O Leo está esperando por você.
_Não vou enquanto não souber que está bem.
_Não estou, mas vou ficar. Isso levar um tempo, Victor.
_Certo – levantou e se enrolou mais uma vez naquela toalha – Vou me trocar e já
volto.
_Se troca e pode ir.
Aguardou ele sair do closet já pronto, juntos foram até Pedrinho na área
da piscina, beijou-o, brincou um pouco com o pequeno, e foram até a garagem de
mãos dadas. Antes de ir embora, Victor abraçou-a fortemente, beijando não só a
boca como a testa.
_Quando eu chegar na cidade onde faremos show te ligo. Quero que fique
bem.
_Essas coisas só me fortalecem mais e me dão mais certeza de que estou feliz
aqui, com vocês. Agora vai.
Viu o carro de Victor ir e uma solidão tomou seu corpo. Lembrou-se de
Tatiane e foi até o filho. A amizade das duas estava igual casamento quando cai
na fase estremecida, precisavam de um tempo e ela daria até o dia que pudessem
conversar tranquilamente.
***
Priscila não cansava de olhar para aquela casa de show cheia. Lembrou-se
das vezes que foi a shows, havia esquecido daquele clima. Maya bebeu um pouco
do espumante que tinha na mesa.
_Fala a verdade, é tão bom depois de tanto tempo vir a um show, ver esse
povo tudo feliz e saber que essa felicidade é por causa do seu marido, né?
_Isso nem passou por minha cabeça – sussurrou olhando para aquela plateia
imensa.
_E aí, você e a Tati conversaram?
Aquele assunto trouxe péssimas lembranças para Priscila. Sentiu o
estômago revirar dentro de si só de lembrar. Tatiane estava chateada, a última
vez que conversaram, dias depois do ocorrido, foi apenas sobre trabalho e foi
bem ríspida em falar que lhe daria férias, que quando o prazo acabasse
sentariam e veriam o que seria melhor para ambos os lados. Ela sabia que não
existia mais amizade, que a amiga estava mudada. Nessa história toda, passaram
duas semanas e ambas perderam o contato.
_Depois que ela foi grossa comigo por e-mail, decidi que vou deixar ela
em paz. O Victor está certo, melhor deixar o tempo correr, vou focar em meu
profissionalismo e se for preciso, abro meu estúdio de fotografia.
_Acho que não vai ser pra tanto, Pri, mas vocês duas precisam de um tempo
mesmo. A verdade é que não foi esse assunto que fez vocês se separarem, isso
vem do passado algo que não foi bem esclarecido.
Ela sabia do que Maya estava se referindo, mas tanto ela quanto Tatiane
haviam conversado na época. Então aquele passado estava enterrado. Iria
responder mais quando as luzes se apagaram, as cortinas se abriram e o show
começou. Estava maravilhoso, como sempre. Victor buscava por Priscila bem no
começo do show, quando achou a mesa que estava a família e amigos, foi só
sorrisos, reboladas enquanto tocava seu violão, charmes lançados.
Assim que o show terminou todos foram ao camarim dele, no de Leo estavam
atendendo as fãs. Assim que terminou ele foi logo ao encontro da família e os
amigos.
_Rapaz, vocês como sempre. Arrasaram demais – Bruno apertou a mão de
Victor.
_Esse elogio vindo de você, Bruno, fico lisonjeado – avistou Priscila
conversando com Maya e Paula.
Em passos lentos aproximou-se das três mulheres, passando a mão na
cintura da esposa e acariciando as costas. Aquele carinho era uma prévia do que
aconteceria ainda naquela noite. Priscila sentiu seu corpo responder aos
carinhos, estava arrepiada, porém, disfarçando o tempo todo.
_E aí, vamos? – Paula perguntou empolgada.
_Sim. O Bruno disse que conhece um restaurante perfeito aqui em São Paulo –
Maya olhou para o namorado.
_Espero que gostem. Eu fui lá semana passada e tem um cardápio muito bom.
Saíram todos acompanhados, exceto Leo, que disse que ficaria um pouco
mais para conversar com algumas fãs.
*
A ida para aquele restaurante foi breve para Victor e Priscila. Comeram
pouco, beberam o vinho que Paula havia escolhido e logo ele alegou estar
cansado. Foi durante o caminho, ele dirigindo com ela ao seu lado, que desviou
o caminho, parando em um motel.
_Victor? O vinho já está fazendo efeito? – Priscila perguntou indignada.
_Temos que aproveitar o momento a sós. Você nunca vem pra essa turnê aqui em
São Paulo, nada mais justo do que aproveitarmos – beijou o pescoço dela.
_Mas e o Pedrinho...
_Está com a avó. Ele adora minha mãe, Paula daqui a pouco vai pra lá.
O portão do motel se abriu e ele entrou, buscando a suíte presidencial.
Priscila aos poucos foi se conformando e no fundo gostando daquela aventura.
_Já entendi sua estratégia, mas saiba que estou tomando anticoncepcional
– sussurrou se aproximando e com o dedo indicador percorrendo a coxa dele.
_Isso nem passou por minha cabeça – segurou a mão dela, logo tirando de perto
da virilha – Eu só quero um momento assim, a sós. Como nos velhos tempos...
O beijo ficou profundo, as línguas se moviam de uma maneira deliciosa.
Victor segurou a cintura de Priscila e virou-a para que ficasse de costas. A
fricção das nádegas com o frontal do seu jeans o deixava louco, insano. Ela
fazia questão de rebolar enquanto o olhou por cima do ombro e o beijou
profundamente. Os dedos ávidos dele logo buscaram a barra do vestido que ela
usava, levantando-o e descobrindo uma calcinha minúscula.
_Veio assim porque sabia o que iríamos fazer?
_Você acha? – sussurrou com os lábios próximos aos dele. – Descubra aos poucos.
Ele buscou acariciá-la por cima da lingerie, subindo e descendo
vagarosamente enquanto buscava beijá-la mais uma vez. A respiração dela foi
forte quando ele buscou afastar a calcinha para o lado e sentir a lubrificação
natural dela.
_Porra, Priscila! – Sussurrou enquanto não parava de deslizar o dedo por
aquele ponto sensível dela.
Priscila não conseguia oferecer mais os lábios para beijar, já estava
gemendo, rebolando no ritmo do dedo de Victor em sua intimidade. As mãos
estavam paradas, mas ela logo buscou passar para trás e sentir o membro dele
duro dentro da calça. Priscila sabia o quanto seu marido estava ardendo de
tesão e louco para ficar livre daquela calça, exatamente no momento em que seus
gemidos ficaram altos e ela sentiu as pernas falharem após um orgasmo violento.
Caiu na cama completamente tonta, nem havia notado que ele estava nu e tirando
o vestido dela. O sutiã estava combinando com a calcinha que ela estava usando,
ele fez um sorriso ousado enquanto falava:
_Agora tenho a certeza de que veio assim sabendo o que iríamos fazer.
Ela sorriu e sentou-se na ponta da cama, beijou o abdômen dele, com as
mãos já no membro, acariciando-o e em poucos segundos sua boca estava
envolvendo-o com sugadas lentas, o olhar buscando o dele e mostrando uma
Priscila ousada.
_Para! Não me olha assim que desse jeito vamos acabar com nossa festa
antes do final.
_Nossa, está ficando velho, hein Victor – sussurrou olhando para ele e não
deixando de mover com as mãos no membro dele.
Com um beijo na ponta do membro em seguida de deixando a saliva cair
sobre ele, deixando-o molhado, foi o estopim para ele deitá-la de vez na cama,
girando-a e fazendo-a ficar de quatro para investir lentamente dentro dela.
_Victor... – Priscila falou após um gemido alto.
Aquela voz, o quadril em sua frente, e o espelho para ele ver que era de
fato sua Priscila ali, ousada como sempre foi, era o cenário perfeito para
aquela noite. Foi preciso ele fechar os olhos para não atingir o ápice antes
dela, havia prometido para si que queria vê-la enlouquecida naquele quarto de
motel. Deu um tapa na bunda dela, o que fez empiná-la mais o oferecendo. Ainda
com a mão parada ainda havia batido firmou bem os dedos, logo o levando para
frente dela. Com o outro braço livre puxou-a para que ficasse ereta, sentada.
_Olha pra mim – pediu com firmeza na voz.
Priscila estava com os olhos fechados e abriu-os, admirando aquele homem
pelo reflexo do espelho enorme que estava na parede da cama. Ainda vendo pelo
espelho, o viu descer a mão que estava nos seios dela, buscando sua intimidade,
aquele ponto sensível e friccionar lentamente enquanto investia nela por trás.
_Não me tortura – falou entre os gemidos.
_Já se olhou no espelho hoje, hum? Viu o quanto é gostosa e fica mais quando
veste esse tipo de lingerie pra causar?
Aquela visão era maravilhosa, Priscila olhou para seu corpo, se achando
um máximo com aqueles elogios que Victor lhe dava. Aquele sutiã de renda
acompanhado da calcinha realçava bem seu corpo.
_Você me deixa louco, Priscila – buscou a nuca dela que estava na sua
frente para beijar e morder de leve. – Eu não sei se vou aguentar ver esse
corpo em minha frente e não gozar.
_Victor... estou quase – fechou os olhos.
_É? – colocou-a novamente de quatro e aumentou a velocidade das estocadas –
Então vai, Priscila.
Com os gritos dela em meio a gemidos ele também não aguentou, atingiram
o ápice em poucos segundos. Caíram na cama cansados, satisfeitos. Priscila
sentia a respiração pesada de Victor que estava caído em cima dela. Era disso
que ela precisava. Amar e ser amada.
***
Aqueles dias em São Paulo foram maravilhosos e de despedidas. Foi após o
natal que Priscila viu sua tristeza começar a invadir seu corpo quando avistou
a enorme mala de viagem e Victor no closet buscando o que levaria para passar
aqueles dias fora do Brasil.
_Eu ainda acho que essa viagem para fora do Brasil é uma loucura.
_Para com isso, Victor. Logo vocês estarão aqui e dará tempo para comemorarmos
nosso réveillon.
_Eu sinto que não, Pri. – pegou mais um par de meias e colocou na mala.
Priscila ficou pensativa, pois Victor quase nunca errava com suas
previsões. Para não deixa-lo mais intrigado com aquele assunto saiu e foi ficar
com o filho. Nas últimas semanas, estava mais próxima de Pedrinho, o que iria
ajudar naquele dia. Victor desceu com as malas, logo levando-as para o carro.
Voltou apenas para pegar o resto dos pertences e se despedir da esposa e do
filho.
_Eu já estou com saudade de vocês – sentiu que se ficasse mais um pouco
sua voz iria embargar e o choro viria.
_Sabemos que você vai voltar – buscou os lábios dele para beijá-lo – Volta
logo, porque a saudade já está pesada.
_Irei te ligar. – pegou o filho nos braços e ficou brincando um pouco.
Priscila detestava despedidas, principalmente quando Victor fazia voos
longos. Uma aflição tomava conta do seu corpo só de imaginar aqueles dias sem
ele por perto, mas na ausência tinha o filho para ocupar sua mente.
_Ainda acho que devíamos levar você no aeroporto – tomou o filho do
marido quando ouviram o celular dele tocando.
_Não. Pedrinho iria ficar muito exposto – atendeu rapidamente. – Oi Leo... Eu
sei, já estou saindo – desligou. – E depois, não iremos partir daqui. Ainda
vamos pra São Paulo buscar o resto da equipe – mais uma vez buscou os lábios da
esposa, agora era um beijo longo. Afastaram-se apenas porque Pedrinho começou a
interromper.
_Vai. Quando chegar lá me promete que vai ligar.
_Farei isso – entrou no carro.
_Hei! – viu o marido baixar o vidro para ouvir o que ela iria dizer. – Te amo.
_Sabia que gosto quando se declara?
_Eu sei. Agora aguardo sua resposta.
Victor ligou o veículo, fazendo um suspense para a esposa. Antes de sair
falou:
_Eu te amo. Quando eu voltar quero ver esse amor todo no nosso quarto.
_Pervertido! – o ouviu gargalhar e sair
O vazio daquela casa que Victor deixou foi ofuscado pelo choro de
Pedrinho. Priscila passou o resto do dia entretendo o filho para que ele nem se
lembrasse do pai, mas estava a todo instante olhando o aplicativo de mensagens
para saber se aquela viagem ocorrera bem.
***
Após quatro noites fora do Brasil Victor já estava exausto. Tudo o que
precisava era encontrar sua família, ver seu filho, sua esposa, viver aquele
momento que aquela época do ano permitia. Ainda dormiram no hotel após ele
atender algumas fãs brasileiras que moravam ali e as demais fãs que viajaram
para estar ali com eles também. Victor admirava o carinho delas, mas
infelizmente naquela noite estava querendo apenas ligar para a esposa. Entrou
no quarto e tentou uma videochamada, sem obter resultado foi dormir. No dia
seguinte estava parecendo um morto-vivo no aeroporto, Leo preferiu andar, ficar
conversando com algumas pessoas. Já ele optou por ficar em uma sala vip
aguardando o voo. Ouviu quando o irmão entrou e sussurrou algo sobre o voo ser
cancelado.
_O que disse?
_Pensei que estivesse dormindo, Nego Véio – Leo demostrou um sorriso vacilante.
_Impressão minha ou ouvi algo sobre voo cancelado?
_Fica calmo. O tempo está fechado, todos os voos estão temporariamente
cancelados...
Victor sentiu sua paciência esvair do seu corpo, naquele momento não
importava o lugar onde estivessem, iria esbravejar sua raiva.
_Eu vou resolver isso – deu apenas dois passos.
_Não adianta, Victor. O tempo fechou.
Uma fúria tomou conta do corpo de Victor ao ouvir a voz do irmão. Voltou
até ele em passos largos.
_Está satisfeito, Leo?
_Porque está dizendo isso? – deu um sorriso fraco.
_Tira a porra desse sorriso do rosto. Foi por sua causa que estamos nessa.
_Minha? Eu sou dono do tempo agora?
_Não! Mas foi por sua causa que quis tanto essa merda de turnê que estamos
aqui.
_Fica calmo, Victor. Tá todo mundo olhando pra cá.
_Que se fodam! Agora eu vou deixar de comemorar uma data tão especial ao lado
da minha esposa e do meu filho por sua causa!
_Hei, o mundo não gira em torno de você, Victor! Todo mundo quer voltar pra
casa...
_Menos você! Já que está vivendo feliz com sua nova vida, né?
_Para com isso.
_Leo, você não imagina a raiva que estou sentindo de você. Se soubesse nem na minha
frente estava.
_Sabe o que me irrita? É essa sua mudança depois que casou com Priscila. Você
não era assim, Victor. Agora recusa até trabalho? Essa mulher vai acabar
falindo sua carreira.
Victor não estava acreditando no que estava ouvindo. Sua raiva cada
momento aumentava mais.
_Retira o que disse sobre a Priscila – colocou o dedo no rosto do irmão.
_Tira esse dedo da minha cara – deu um tapa na mão de Victor.
Rapidamente o pessoal da equipe que estava ali afastaram os dois irmãos,
mas foi o suficiente para Victor esbravejar:
_É essa sua arrogância que vai acabar com nossa carreira, Leo. E quer
saber mais? – em um movimento brusco saiu dos braços de alguém que lhe
segurava, indo até o irmão que já estava sentado e assustado – Eu desisto da
minha carreira! E não vai ser por causa de Priscila, é por sua causa, Leo. Está
ficando insuportável ver suas merdas e ficar calado. Olha o que fez, olha onde
nos deixou! Eu devia ter tomado a frente dessa maldita turnê! Mas acabou!
Chega! Não aguento mais. Ano que vem será o último da dupla!
Buscando o ar Victor saiu de perto do irmão para não quebrar a cara
dele. Seu corpo tremia de raiva, tristeza, aflição. Quando sairiam daquela
cidade? Ninguém sabia, mas uma coisa ele tinha certeza: Teria que ligar para
Priscila e lhe dizer a verdade.
***
O dia para Priscila estava muito corrido. Antes de dormir conversou com
Victor, ele havia lhe garantido que naquela noite estariam em casa, chegaria em
cima da hora da virada de ano, mas o importante era estar. Marisa já estava por
lá e foi o que lhe ajudou, pois ficou tomando conta de Pedrinho enquanto ela
ficava com o decorador no salão de eventos. Seus pais chegariam naquele fim de
tarde, mas aquilo era o de menos, olhava sempre para o celular, mas nenhuma
resposta de Victor. Suspirou preocupada.
_E aí, o Victor não ligou? – Marisa indagou quando se aproximou dela com
Pedrinho nos braços.
_Nada, Dona Marisa. Mas ele me garantiu que hoje a noite estará aqui – deu um
sorriso para dar falsas esperanças à sogra.
Seu telefone celular tocou bem no momento que a sogra havia saído com o
filho nos braços. Era Victor, até sorriu antes de atender:
_Oi.
_Oi Priscila...
Aquela voz de Victor não era boa, era uma prévia péssimas notícias. O
coração de Priscila bateu mais forte por estar nervosa.
_O que aconteceu que sua voz está tão triste?
_O nosso voo foi cancelado.
_Como assim?
_Aqui em Londres a previsão é de que o tempo não fique bom para o aeroporto
funcionar.
_E agora, Victor? – perguntou já com a voz embargada.
_Não me pede solução, Priscila – suspirou cansado – Já discuti com Leo, já
tentei mudar as passagens, mas todos os voos estão cancelados. Acho que no
primeiro réveillon do Pedrinho não estarei aí.
Foi doloroso para Priscila ouvir aquilo. Sentiu as lágrimas caindo, mas
logo enxugou e melhorou a voz para que ele não notasse.
_Tudo bem. Teremos outros réveillons para comemorarmos. Isso é só uma
data. Só te peço que volte inteiro para mim.
_Pode deixar – sorriu fraco – Dá um beijo no Pedrinho por mim. Amo vocês.
_Eu também.
Finalizou a ligação chorando. Estava muito empolgada com a volta dele,
mas após aquela notícia seu mundo desabou. Um dos rapazes que estava na
decoração da festa se aproximou:
_Tem uma moça querendo falar com você. Disse que é sua amiga.
Imaginou ser Maya. A amiga havia dito que antes de viajar para BH iria
visita-la. Mais uma vez naquele dia tomou um susto ao ver Tatiane ali,
parecendo um cachorro que cai da mudança, o rosto vermelho de tanto chorar.
_Tati? O que aconteceu?
_Amiga, me desculpa? – abraçou Priscila com força enquanto chorava – Eu devia
ter te ouvido.
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